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Cultural

Programação de Volta às Aulas 2025 – Artes Cênicas

Programação de Volta às Aulas 2025 – Artes Cênicas

Programação de Volta às Aulas 2025 – Artes Cênicas
Espetáculo: Uenda-congembo (morrer)
Trabalho de Luciano Mendes
Data: 26 de fevereiro de 2025, quarta-feira
Horário: 20h
Local: Teatro Procópio Ferreira
Rua São Bento, 415, Centro, Tatuí-SP
Entrada gratuita – Retire seu ingresso pela plataforma INTI
Classificação indicativa: 14 anos

Sinopse: Nas suas últimas horas uma pessoa pode ser tudo o que não sabe, convocar todas as pessoas da sua pessoa. Sendo negra pode experimentar ser branca; se não é negra nem branca pode experimentar ser um pardal. Sendo jovem pode experimentar ser velha; se não é jovem nem velha pode experimentar ser uma raiz. Sendo homem pode experimentar ser mulher; se não é homem nem mulher pode experimentar ser a sombra de uma criança. Quando cantos antigos se tornarem seus únicos meios para lembrar sua história será necessário que ela busque estar acordada também dentro dos seus derradeiros sonhos, ou que não durma antes do sol raiar, senão todos os diamantes que inocentemente escondeu do tempo, em algum lugar secreto, virarão carvão e queimarão sem calor, ou se tornarão o grafite para um livro que não escreverá.

 

Sobre “Uenda-congembo (morrer)”: foi criado com o apoio da Bolsa Funarte de Fomento para Artistas e Produtores Negros, em 2016, e inaugurou as ações criativas da Plataforma Garimpar em Minas Negras Cantos de Diamante, projeto principal da ação artística Ponte Elemento Per. Está fundamentado no diálogo ativo com as historicidades e mitopoéticas em torno do vissungo, cantos de tradição centro-africana (Congo-Angola) ocorridos na região do Alto Jequitinhonha/MG. Estes cantares estão entre os elementos mais antigos de matriz-motriz africana do Brasil, sendo pedra angular da construção da identidade transcultural do país, extensões de África manifestas na língua e hábitos locais, mas também na música popular urbana. Vissungo vem da língua umbundu (de ovisungu, plural de ochisungu) significando cantiga, cântico, ou seja, é o ato de cantar em si, a manifestação mais imediata da subjetividade violentada do africano diasporizado nas Américas. Inicialmente criado como um solo, atualmente investigamos as possibilidades de sua realização com a presença de um coro cênico-musical. O espetáculo incorpora e atualiza a busca por uma identidade afrodescendente viva, guiada pelos códigos segredados no vissungo, em palavras e imagens fundadas em princípios cosmoperceptivos Bantu, como o Dikenga dia Kongo (Cosmograma Bakongo). Tendo como pano de fundo o ambiente da mineração e as ritualísticas dos enterros – práticas sociais onde estes cantos se desenvolveram – e em meio ao jogo entre memórias pessoais e dados históricos, um caminho de aprendizagem é traçado entre ancestralidade e contemporaneidade. Através de uma auto etnoficção, grafada em seus corpo vozes, os atuantes trafegam por diferentes figuras que habitam nas frequências vissungueiras ou que por elas são acordadas, em companhia dos espectadores-ouvintes, viajantes que tecem suas próprias paisagens, entre visões de águas, astros e morros.

Ficha técnica: Direção, dramaturgismo, concepção sonoro-musical, visagismo e produção: Luciano Mendes de Jesus

Atuação: Jean Rocha, João Carlos Silva, Kinda Marques, Luciano Mendes de Jesus e Rita Teles

Iluminação e operação de luz: Fagner Lourenço

Assistência de produção: Chidi Portuguez

Fontes textuais: Auguste de Saint-Hilaire, Aires da Mata Machado Filho e José

Craveirinha Orientação artística: Pedro Pires Orientação teórica: Sônia Queiróz Produção executiva: Ponte Elemento Per Design gráfico: Gim Sereno