Histórico
Fundado oficialmente em 11 de agosto de 1954, o Conservatório de Tatuí celebra neste mês seus 70 anos. Este importante equipamento de formação e difusão cultural do Estado de São Paulo já formou milhares de músicos(as), atores/atrizes e luthiers, muitos(as) dos(as) quais levam o nome da instituição para os mais diferentes países mundo afora. A escola, que ofereceu suas primeiras aulas no porão emprestado de uma casa situada em uma cidadezinha do interior paulista, conquistaria, anos mais tarde, o título de “Maior escola de música e teatro da América Latina”. Atualmente, atende a mais de 2.700 estudantes anualmente, pessoas vindas de mais de 200 municípios, de diferentes regiões do Brasil e, também, de outros países. E com potencial para fazer cada vez mais.
A história do Conservatório de Tatuí começa por volta de 1950. A cidade, na época, passava por um momento de grande desenvolvimento econômico. A indústria têxtil atraiu novos habitantes, alguns estrangeiros, e com eles, a vida social também foi incrementada. Havia já uma forte tradição musical, representada, sobretudo, pelas bandas de baile. Uma delas trazia em sua formação o violinista Otávio de Azevedo (“Bimbo” Azevedo) e o violoncelista João Del Fiol, que foi seu aluno e que teve importância fundamental na fundação do Conservatório de Tatuí.
Conta-se que, em 1950, ao visitar a cidade, o deputado Narciso Pieroni se encantou com a qualidade da recepção musical feita pela banda de Del Fiol. Ao perceber tamanho entusiasmo, o músico acabou por convencer o político a prometer a criação, em Tatuí, da primeira escola pública de música do Estado de São Paulo. A oportunidade era tamanha que, na mesma noite, um grupo de intelectuais da cidade se reuniu no bar do Hotel Del Fiol e redigiu o esboço do projeto de lei que criaria a escola, inspirada no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro. O projeto foi apresentado à Assembleia Legislativa em dezembro de 1950 e sancionado pelo então governador Lucas Nogueira Garcez (1951-1955) em 13 de abril de 1951.
O primeiro endereço do Conservatório de Tatuí foi o porão emprestado de um imóvel residencial localizado na esquina das ruas Humaitá e José Bonifácio. Os proprietários habitavam a parte superior da casa e cederam a parte inferior para a instalação das salas de aula. O anúncio de abertura de vagas, em abril de 1954, atraiu 331 candidatos(as) em apenas cinco dias. Todos eram moradores de Tatuí, que contava, então, com 30 mil habitantes.
Das pessoas inscritas, 30 puderam iniciar efetivamente os cursos, que englobavam: Canto, Piano, Violino, Violoncelo, Violão, Flauta, Clarinete e outros instrumentos de sopro, além das aulas teóricas de Harmonia, Contraponto e Fuga, História da Música, Pedagogia Musical, Análise Harmônica e Construção Musical, Folclore e Arte Dramática.
Nesta época, não havia ainda livros e métodos de ensino para estes cursos. Muitos professores escreviam as lições, uma a uma, nos cadernos de seus estudantes – como abaixo, na reprodução de um trecho manuscrito pelo Prof. Jair Teodoro de Paula, primeiro professor de Violão da escola, imagem extraída da dissertação de Mestrado de Sérgio Antonio Caldana Battistuzzo:
(Fonte: BATTISTUZZO, Sérgio Antonio Caldana. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Música do Instituto de Artes da Unicamp “Francisco Araújo: O uso do idiomatismo na composição de obras para violão solo”. Campinas-SP, 2009.)
O primeiro diretor da escola foi Eulico Mascarenhas de Queiroz, que trabalhava como redator de programas musicais do Teatro Municipal de São Paulo. Dentre os músicos que ele trouxe para dar aulas no Conservatório de Tatuí estava o flautista Spartacco Rossi, maestro, compositor e arranjador brasileiro, autor, entre outras, do consagrado Hino dos Expedicionários. Rossi teve enorme importância nos primeiros anos da instituição, sobretudo ao formar a Orquestra Sinfônica de Amadores e promover apresentações por toda a cidade, incluindo as óperas “Juca Pirama” (Padre Antonio Massana) e “O Guarani” (Carlos Gomes). Spartaco Rossi manteve-se na instituição até se aposentar, em 1970.
Com a saída de Eulico Queiroz, em 1959, a direção da escola foi assumida sucessivamente por Altino Santarém, Yollanda Rigonelli e Djalma de Carvalho Moreira. Em 1968, o Conservatório de Tatuí registrava 250 alunos matriculados, quantidade já excessiva para as instalações originais. Em maio deste ano, o professor de flauta e regente José Coelho de Almeida (Prof. Coelho) assume a direção da escola, pleiteia melhorias e inicia uma fase de importantes mudanças.
Em 1969, o prédio onde funcionavam a Câmara e a Biblioteca Municipais é cedido ao Conservatório de Tatuí e torna-se, em 24 de abril daquele ano, a Sede da instituição, na Rua São Bento, 415, Centro. Com as novas instalações, a escola pôde abrir novas vagas e o número de estudantes mais que dobrou, chegando a 600 matriculados(as).
Teatro Procópio Ferreira
Tão logo a sede foi inaugurada, o então prefeito Orlando Lisboa de Almeida iniciou conversas com a Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo do Estado para a construção de uma sala de concertos para a instituição. Em janeiro de 1970, um concerto apresentado pelo pianista João Carlos Martins reuniu várias autoridades na cidade, que prometeram apoio ao Conservatório e anunciaram o início da construção de uma “sala de concerto moderna e funcional”.
Foram contratados o arquiteto Igor Sresnewsky, especialista em acústica, e Aldo Calvo, cenógrafo, que assessoraram o arquiteto tatuiano Otavio Guedes de Morais na elaboração final do projeto. O anteprojeto era de Nelson Marcondes do Amaral Filho. As obras começaram em 1970 e, em 20 de junho de 1979, era inaugurado o Teatro Procópio Ferreira – um dos maiores palcos do Estado, com fosso de orquestra com sistema hidráulico, moderno sistema de som e iluminação, e com uma acústica elogiada pelos mais renomados artistas e críticos musicais – citada como uma das melhores do País.
Em 1975, o advogado e empresário José Ephim Mindlin doa uma enorme quantidade de instrumentos musicais para a escola. Mindlin foi Secretário de Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo de 1975 a 1976, foi membro de conselho de diversas entidades culturais e era um forte entusiasta da cultura. Esta grande contribuição garantiu ao Conservatório de Tatuí uma nova fase de expansão e o título de “Maior escola de música da América Latina”.
Mais tarde, em 1981, outra importante doação: o casal Wanderley e Maria Penteado Bocchi cedem à instituição um extenso terreno (78.456m²), que hoje abriga o Alojamento “Prof. Eurico de Melo Toledo”. Inicialmente, a ideia era construir ali uma nova sede para a instituição. Assinado pelo renomado arquiteto e designer Ruy Ohtake, o projeto previa ocupar 11.000m² e permitiria duplicar o número de estudantes. Porém, tal projeto não foi executado. Em vez disso, foram construídos quatro blocos com alojamentos, refeitório, cozinha, lavanderia e área de convivência, inaugurados em 2 de abril de 1998.
Curso de Luteria
Em 25 de agosto de 1980, o Conservatório de Tatuí lança seu curso de Luteria – era a segunda instituição no país a ter o curso, atrás apenas da Funarte, no Rio de Janeiro. O curso tinha à frente o conceituado luthier italiano Enzo Bertelli, radicado em São Paulo, e seu filho Luigi. Na época, a escola contava com mais de 300 estudantes matriculados(as) na área de Cordas Sinfônicas. Os primeiros instrumentos construídos foram apresentados publicamente em 10 de dezembro de 1982, com um Recital de Cordas.
Quando Prof. Coelho deixa o cargo, em abril de 1983, quem assume a direção é Hans Joachin Koellreutter, já célebre em todo o Brasil como professor e personalidade musical. Sua gestão dura pouco e, no início de 1984, ele é sucedido pelo maestro Antonio Carlos Neves Campos, que permaneceu à frente da instituição por quase 25 anos, até 2008.
A gestão Neves foi marcada pela inclusão de vários novos cursos e áreas no Conservatório de Tatuí. Em 1985, ele pede ao professor Pedro Persone, ex-aluno da instituição e recém-chegado da Europa, para criar o curso de Cravo. Foi o primeiro curso regular deste instrumento em uma escola de nível técnico no Brasil e que daria início à Área de Performance Histórica, que estuda a chamada Música Antiga, resgatando obras, compositores e instrumentos de séculos passados. Na mesma área, em 2008, Pedro Persone inicia, também, o curso de Fortepiano, desde então é o único curso de nível técnico deste instrumento na América Latina. Hoje, há ainda os cursos de Flauta Doce, Cordas Dedilhadas Históricas, Canto Barroco, Viola da Gamba, Violino e Violoncelo Barrocos.
Outra importante expansão da gestão Neves ocorre em 1989: a criação do núcleo de MPB/Jazz, com cursos de música popular brasileira, jazz e choro, que atraem centenas de novos(as) estudantes, inclusive estrangeiros, muitos dos quais já músicos profissionais em busca de aperfeiçoamento.
Neves também oficializa o curso de Artes Cênicas. Inicialmente ministrado como oficina, desde 1977, pelo ator e diretor Moisés Miastkwosky, agora o curso passa a integrar as habilitações regulares, com grade curricular fixa. Paralelamente, os festivais municipais de teatro são ampliados e surge o Fetesp – Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo, oficializado pelo decreto estadual 18434/1982.
O Conservatório de Tatuí destaca-se, ainda, entre os pioneiros na implantação do Curso de Musicografia Braille, ocorrida em 2007, sob orientação de Karla Cremonez Gambarotto Vieira, em cumprimento às Políticas Públicas de Inclusão ao Aluno com Deficiência Visual. O curso possibilita às pessoas com deficiência visual matriculadas nos cursos regulares de instrumento da instituição total acesso à leitura, escrita e teoria musical – acesso considerado essencial à formação do estudante de música. A Musicografia Braille permite a inclusão do(a) estudante em todas as disciplinas, além de torná-lo(a) apto(a) a integrar os grupos musicais pedagógicos e artísticos mantidos pela instituição.
Simultaneamente, Neves intensifica as ações de vivência artística na formação de estudantes, com a criação de novos grupos pedagógicos e artísticos, incluindo: Orquestra Sinfônica (1985), Coro Sinfônico (1988), Orquestra Sinfônica Jovem (1989), Coro Infantil (1990), Camerata Jovem de Violões (1991), Banda Sinfônica (1992), Jazz Combo (1992), Grupo de Choro (1993), Grupo Jovem de Teatro (1996), Orquestra de Cordas Infantil (1996), Cia. de Teatro (1996) e Camerata de Violões (1996). Amplia a realização de concertos, inclusive com gravação de CDs. Nesta época, são produzidos grandes eventos, encontros, projetos, festivais, óperas – alguns se mantiveram por vários anos. No início da década de 1980, o Conservatório de Tatuí chegou a ter 3.200 estudantes matriculados(as).
Mudança administrativa
Em 2006, a administração do Conservatório de Tatuí passa pela maior mudança de sua história. A instituição deixa de ser diretamente gerida pelo Governo do Estado, que adota o modelo de gestão por meio de contrato com uma organização da sociedade civil qualificada como Organização Social da Cultura (OS). Neste modelo, o equipamento continua público e o Estado estabelece diretrizes e metas a serem seguidas pela organização selecionada. Os recursos financeiros são repassados pelo Governo à Organização, que também tem a obrigação de captar recursos junto a outros financiadores. Quem assume a gestão do equipamento é a Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí (AACT), formada a partir da já existente Associação de Pais e Mestres (APM) da escola, criada em 1981. Seu Conselho Administrativo aprova o nome de Henrique Autran Dourado como novo diretor executivo e os profissionais da escola passam a ser contratados em regime de CLT, por meio de processos seletivos, com avaliação de títulos, provas escritas e entrevistas.
No mesmo ano, é criado o Polo São José do Rio Pardo, em parceria com a prefeitura deste município – é a única extensão pedagógica do Conservatório de Tatuí fora de sua cidade de origem. A unidade segue as mesmas diretrizes administrativas e pedagógicas praticadas em Tatuí e atende estudantes de toda a regão, inclusive do estado de Minas Gerais.
Nesta época, a instituição inicia, também, uma reestruturação do sistema de bolsas de estudo para estudantes que participam dos grupos, estabelece novos grupos pedagógicos e artísticos, reforçando a produção de eventos culturais.
Em 2012, o Governo de São Paulo cede ao Conservatório de Tatuí um novo prédio, localizado na rua São Bento, 808, onde funcionava o antigo fórum municipal. A nova unidade passa a abrigar a Biblioteca e a oficina de Luteria, além de matérias teóricas, aulas individuais de alguns instrumentos e um auditório.
Em 2018, a administração do equipamento é transferida para a OS Abaçaí Cultura e Arte, sob direção executiva de Ary Araújo Júnior. Ainda no primeiro ano de gestão, a direção lança dois novos cursos: Acordeão e Viola Caipira. Também cria o Grupo de Música Raiz do Conservatório de Tatuí, que rapidamente ganha o coração do público. Em 2020, a OS tem seus projetos interrompidos pela pandemia de Covid-19, que obrigou o governo do Estado a suspender as aulas e atividades culturais em todos os equipamentos. Inicia-se uma jornada de adaptação para o modelo virtual de ensino, que enfrenta muitos desafios, até o final da gestão.
Rumo ao futuro
Em dezembro de 2020, por meio de nova Convocação Pública, a gestão do Conservatório de Tatuí é assumida pela Sustenidos Organização Social de Cultura, com direção executiva de Alessandra Costa, e o equipamento passa a ser liderado pela Superintendente Artístico-pedagógica Claudia Freixedas e pelo Gerente Geral Gildemar Oliveira. Mesmo sob os desafios da pandemia de Covid-19, que persiste naquele momento, a Sustenidos propõe uma série de inovações, que têm como principais objetivos fortalecer o Conservatório de Tatuí e sua excelência de ensino, trazendo cada vez mais protagonismo aos(às) estudantes.
A nova administração inicia uma intensa e extensa revisão dos Planos de Curso dos mais de 70 cursos regulares mantidos pelo Conservatório de Tatuí e estabelece o Projeto Político-Pedagógico da instituição – algo inexistente até então. Esta ação valida a grade curricular dos cursos já renomados, revisa as referências e amplia a formação ao incluir disciplinas e atividades complementares, alinhadas aos conceitos pedagógicos praticados nas melhores escolas de música e teatro da atualidade.
O Programa de Bolsas de Estudo também foi revisto, com aumento dos valores e da vigência das bolsas nas três modalidades disponíveis: bolsa auxílio, bolsa ofício e bolsa performance. Com esta medida, a Sustenidos reforça as políticas de apoio e permanência de estudantes, com foco em reduzir a evasão escolar.
As ações de vivência artística oferecidas aos(às) estudantes também são intensificadas. Novos Grupos Pedagógicos são criados para contemplar todas as habilitações e ciclos de aprendizado, garantindo que todo corpo discente atue em diferentes formações de prática coletiva desde o primeiro ano de curso até concluir a sua formação. Os Grupos Artísticos passam a ser compostos integralmente por estudantes bolsistas, e os(as) músicos(as) que atuavam como monitores(as) tornam-se professores(as), reforçando o suporte ao aprendizado. O Conservatório de Tatuí chega em 2024 com mais de 50 grupos de música e teatro.
É implantada uma sólida Política de Ações Afirmativas, contando com a consultoria de alguns dos mais conceituados especialistas do País. Atividades formativas são oferecidas ao corpo docente para garantir o melhor suporte a estudantes com deficiência. O corpo discente passa a contar com o suporte de um Núcleo de Apoio Pedagógico e de uma Equipe Técnica Social, composta por psicóloga e assistente social. Nos processos seletivos de estudantes, é adotada a reserva de vagas, seguindo o que já está consolidado em diversas instituições e equipamentos públicos no Brasil.
A instituição intensificou a realização de encontros, master classes e concertos com participação de músicos(as), atores/atrizes e docentes de destaque no segmento cultural, artistas convidados(as) para compartilhar seu conhecimento e experiência com estudantes e docentes da escola. Iniciou a publicação de editais de Ocupação Artística para valorização e apoio a artistas e coletivos da cidade e região e tem investido fortemente na diversificação cultural ao trazer para Tatuí shows, concertos e espetáculos dos mais variados estilos e segmentos culturais.
Outro destaque são as melhorias estruturais realizadas ao longo da gestão: reforma do sistema de ar-condicionado e do estofamento das poltronas no Teatro Procópio Ferreira, revisão dos sistemas hidráulico e elétrico das edificações, acessibilidade da Unidade Chiquinha Gonzaga, substituição e aquisição de novos equipamentos, pintura nas edificações e muito mais.
A partir da chegada da nova gestão da Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas em 2023, sob liderança de Marília Marton, são estabelecidas novas diretrizes que intensificam os aspectos de profissionalização e inserção de jovens no mercado da Cultura. Desde então, novas ações e cursos foram formulados para implantação a partir do segundo semestre de 2024.
É assim: atualizado, jovem, antenado com a diversidade e com muitos projetos, que o Conservatório de Tatuí celebra seus 70 anos, de olho no futuro.
Saiba quem foi Carlos de Campos, que dá nome à instituição
Estadista, parlamentar, jornalista, político e músico. Este foi Carlos de Campos, que dá nome ao Conservatório Dramático e Musical de Tatuí.
Nasceu a 6 de agosto de 1866 em Campinas e faleceu em 27 de abril de 1927 em São Paulo.
Filho de Bernardino de Campos – que também fora presidente do Estado -, Carlos de Campos nasceu em 1866 e faleceu em 27 de abril de 1927, antes de concluir seu mandato como governador estadual.
Formado em direito, Carlos de Campos era compositor e estudioso da música. Foi fundador e membro da Academia Paulista de Letras, assumindo a cadeira número 16.
Dedicou-se intensamente à vida política: foi membro do Conselho de Intendência Municipal de Amparo; deputado estadual, Secretário de Estado da Justiça e senador estadual. Na área federal, foi deputado e se tornou líder da maioria no governo do Presidente Epitácio Pessoa.
Iniciou seu mandato como presidente do Estado de São Paulo no dia 7 em maio de 1924. Em seu governo, eclodiu a Revolução dos Tenentes, obrigando-o a se refugiar em Guaiaúna, onde estavam concentradas as forças legalistas.
Em sua administração, criou a Guarda Civil e a Força Pública. Antes de falecer, criou, dentro da Força Pública, uma das mais importantes bandas do estado: a Banda da Força Pública que, em 1935, viria buscar músicos tatuianos para sua especialização.
Jornalista desde muito jovem, dirigiu, por várias vezes, o Correio Paulistano, jornal de são Paulo. Como músico, compôs peças líricas, destacando-se “A Bela Adormecida” e “Um Caso Singular”. Algumas de suas músicas avulsas basearam-se nas poesias das “Pedras Preciosas”, de Luis Guimarães Junior.
Decreto de Criação
A criação do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí foi inicialmente incorporada ao projeto de lei nº 694 de 1950 (R. 769). Onde se lia “fica criado na cidade de Campinas o Conservatório Dramático e Musical Carlos Gomes”, passou a ler-se: “ficam criados nas cidades de Campinas e Tatuí Conservatórios Dramáticos e Musicais”, assinado por Narciso Pieroni em 27 de julho de 1950.
A justificativa do projeto é a que segue abaixo:
“Tatuí é uma das cidades interioranas que com mais carinho se cultiva a arte entre seus filhos. Grande é o número de jovens tatuianos que buscam entre os poucos e modestos professores da localidade aprimorar seus conhecimentos artísticos. Findo os estudos rudimentares com grande sacrifício, dispêndio de tempo e dinheiro em viagens, se locomovem duas ou três vezes por semana, para a capital, buscando nos conservatórios particulares ou no oficial, concluir os estudos iniciados.
Isto se dá, porém, com os mais favorecidos da sorte: os que não têm meios para fazê-lo sufocam de início seus anseios artísticos sendo certo que, por mais abundantes, vão formar o exército de artistas frustrados por falta de apoio vocacional. E quem poderá negar que entre eles poderá estar um embrião que irá, no futuro, aumentar o panteão nacional de virtuoses?
É de notar, também que a criação de um conservatório dramático e musical em Tatuí virá beneficiar todo o sul paulista cujas cidades (Tatuí, Apiaí, Porangaba, Porto Feliz, Tietê, etc) ora mandam estudantes para a Capital, superlotadas as escolas frequentáveis, o que redunda em prejuízo para os educandos.
Outrossim, essa criação é sadio modo de atender a louvável tendência descentralizadora que orienta os setores educacionais, tão bem delineável nos proveitosos projetos de lei em andamento nesta Assembleia, dispondo sobre a criação de Faculdades em diversas cidades do interior paulista.
A emenda não chegou a ser aprovada, mas a criação foi proposta, novamente, em 3 de dezembro de 1950. O projeto de lei, de número 1556, assinado por Narciso Pieroni e Conceição Neves da Costa, criava em Tatuí o Conservatório Dramático e Musical sob os mesmos argumentos da emenda, mas com um detalhe: foi dispensada a publicação da redação e o projeto, aprovado, foi encaminhado diretamente para a sanção do governador Lucas Nogueira Garcez.
O Conservatório de Tatuí foi, então, criado por lei estadual sob número 997 em 13 de abril de 1951.
Capital da Música
Desde sua fundação, a importância do Conservatório de Tatuí fez com que a cidade passasse a ser conhecida e associada à música em todo o Brasil, e não por acaso: além de alunos de São Paulo, o Conservatório abriga estudantes de dezenas de Estados brasileiros além de vários outros países. Tal fama foi oficializada em 2007 por uma lei que torna Tatuí a “Capital da Música” do Estado de São Paulo.
Lei nº 12.544, de 30 de janeiro de 2007. (Projeto de lei nº 676/2004, do Deputado Waldir Agnello – PTB)
Declara como Capital da Música o Município de Tatuí.
O Governador do Estado de São Paulo:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º – Fica declarado como Capital da Música o Município de Tatuí.
Artigo 2º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 30 de janeiro de 2007.
José Serra
João Sayad
Secretário da Cultura
Aloysio Nunes Ferreira Filho
Secretário-Chefe da Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 30 de janeiro de 2007